Valéria Ribeiro da Silva, acusada de matar a mãe com remédios em Caçador, no Oeste catarinense, vai a júri popular nesta quinta-feira (20). O ex-namorado dela e uma prima, que teriam ajudado no crime, também serão julgados. Os três estão presos desde junho de 2016. A morte ocorreu em março do mesmo ano.
O julgamento está marcado para começar às 9h no Fórum de Caçador.
Valéria, o ex-namorado Leandro Negretti e a prima Priscila de Fátima Ribeiro foram indiciados pelo homicídio de Elenir Ribeiro, de 45 anos. Valéria por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e meio insidioso; e Leandro e Priscila por homicídio com as duas primeiras qualificadoras.
Crime
Segundo o delegado responsável pelo inquérito, Fabiano Locatelli, a mãe sofria de esquizofrenia e usava diversos medicamentos regularmente.
"Desde janeiro, quando a mulher saiu de uma clínica, teve os cuidados transferidos para a filha que passou a se dizer sobrecarregada", contou Locatelli na época.
Leandro indicou um emagrecedor vendido sem retenção de receita médica, que não seria identificado em uma perícia. Conforme a investigação, foram dados mais de dez comprimidos à vítima.
Valéria teria dado os medicamentos para a mãe a filha e a prima, assistiram à agonia da mulher por três horas. "Só depois de uma hora, quando tiveram certeza da morte dela, simularam um pedido de socorro aos bombeiros", disse o delegado. Na época, um atestado classificou a morte como natural.
Motivação
No celular da filha, a polícia encontrou o áudio de uma conversa entre ela e o ex-namorado, em que os dois comentam sobre o crime. "Era uma conversa dela com o ex-namorado a respeito do crime, usada para chantagear o rapaz e obrigá-lo a reatar o romance", informou o delegado.
"Se a gente não a matasse, não ficaria junto. Você acha que você ficaria comigo, com ela gritando? Fazendo você passar vergonha... Você não ficaria comigo", indagou a jovem na gravação. "Não", respondeu o ex.
Caso de serial killer levantou suspeita
A polícia só levantou a suspeita sobre a morte de Valéria após o desaparecimento de um irmão da vítima, na época da prisão um suposto serial killer na cidade - preso suspeito de matar e esquartejar ao menos três pessoas.
Em depoimento sobre o desaparecimento do homem, um dos parentes da mulher de 45 anos declarou à polícia suspeitar que ela não tivesse morrido por causas naturais, mas que tivesse sido assassinada pela própria filha. Até então, familiares e conhecidos não desconfiavam do ocorrido.